[Tolstói]
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Poesia do Caos - Rafael Nobre
[Tolstói]
domingo, 10 de outubro de 2010
(Arthur Schopenhauer)
'Não amar e não odiar é a metade da sabedoria. A outra metade é nada dizer e nada acreditar.'
...(eu estou longe das duas opções...)..
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Garota
Garota
Tu és a coisa mais linda
Que esses meus olhos já bateram de frente
Tuas curvas são como perfeições sonoras em estéreo
Tua boca encaixa tão perfeitamente em meu corpo
Como meus lábios em teus seios
Teu cheiro é tão profundo
Como o sexo visto sobre uma perspectiva surrealista
Garota
Tu que fostes tão pura
Hoje corres assim pela imensidão de meus pelos
És o perigo contantes dos carnívoros espíritos sedentos de amor
E pele...
E trago...
E álcool...
Garota
Somos como o sonho nu das ondas preferidas
A viagem mais promiscua dos vendavais insanos
Somos pássaros
Somos calças jeans
Calcinhas e sutiãs espalhados pelas paredes da sala
Quando fazemos amor pelo teto
Ventre
Sinto saudade da sua alma perto da minha
Do abraço apertado de nosso coração partido
Sinto vontade de nada
Numa simples tarde de domingo
Sinto receio de teu corpo
Do cheiro e cor de tua pele
De mim com você
Quando ao menos eu era feliz
Sinto saudade
Do aconchego quente
De teu ventre em mim
Quando eu nem sabia que o mundo
Era tão assim
E quando eu nem imaginava
Que você existia
Do abraço apertado de nosso coração partido
Sinto vontade de nada
Numa simples tarde de domingo
Sinto receio de teu corpo
Do cheiro e cor de tua pele
De mim com você
Quando ao menos eu era feliz
Sinto saudade
Do aconchego quente
De teu ventre em mim
Quando eu nem sabia que o mundo
Era tão assim
E quando eu nem imaginava
Que você existia
Acordes de Violão - Acorde pro Novo, Acorde pra Vida
Sou pagão, digo, afirmo e assino. E nem por isso deixarei de entrar pelas portas douradas do reino do céu, tenho minha consciência limpa, além de não fazer nem idéia de quantas páginas vão minha listinha de pecados. Ontem, uma garota que conheci, a qual me encheu de carinhos e me fez cafuné enquanto a febre se contorcia esvairando-se pelos meus poros, disse-me assim: "O céu está entre aqui e o inferno". Ou mais ou menos isso, achei a frase simplesmente surpreendente e fique abestalhado dela ter saído de uma nova evangélica.
O céu é tudo o que existe entre aqui e inferno. E vou mais além, o inferno é tudo o que existe entre aqui e o céu. Façam suas malas rumo ao destino paradoxo. Nós não vivemos entre o céu e o inferno e sim neles dois ao mesmo tempo. Esta guerra não está para começar e muito irá acabar apenas daqui a milhares de anos, esta guerra tende ao infinito, mesmo que este seja apenas uma tendência, assim como Deus, o nunca comprovado, mesmo tantos sabendo de Sua existência (na qual deixo bem claro que do meu modo, também acredito).
Voltando agora ao ponto que nem comecei ainda. Gosto de passar os domingos em casa, sem fazer nada, descansando o corpo, a mente e o espírito, sem pensar em coisas ruins e eis o que farei agora, mesmo que precise chamar reforços. Eis o que farei agora, tocarei nesta tarde acordes para o novo, para a vida, pois não posso ficar apenas no meio desta batalha que sei que nunca irá acabar. Tenho mais é que tender por mim e fico muito feliz quanto a isso.
Uma viagem rumo a realidade
Essa é uma boa hora pra cheirar um lírio
E trazer de volta toda a felicidade
Aproveitar os vários sonhos medonhos
Que na noite passada eu tive
E aflorar todos os pensamentos estranhos
Liga-se agora o piloto automático dos sentidos
E trazer de volta toda a felicidade
Aproveitar os vários sonhos medonhos
Que na noite passada eu tive
E aflorar todos os pensamentos estranhos
Liga-se agora o piloto automático dos sentidos
Teoria rabiscada sobre O Beijo
Cada beijo, como uma palavra
É um mundo
Um mundo colado
Um mundo molhado
Ou apenas um simples selo no mundo
Existem os de língua áspera
Os de língua macia
E também os sem língua
Mas beijo que é beijo
Tem que haver mão nas costas
Na cintura, no pescoço
Tem que ter vontade
Sentimento
Tem que ser apaixonado
Há beijos de bicos que não se bicam
Beijos de bocas pequenas em bocas carnudas
Esses chegam até a ser engraçados
Há beijos que se encaixam
E beijos que não se encaixam
Talvez o melhor dos beijos
Seja o beijo de costume
Aquele com motor amaciado
Onde o carro só funciona bem
Com seu próprio motorista
Há beijo de gosto estranho
Os que não se devem ser julgados pela capa
Há beijos que vêm com acompanhamento
Do tipo picantes, ardentes, saborosos
Há beijos para todas as bocas
E bocas para todos os beijos
Não existe um beijo melhor
Talvez um melhor beijo
É um mundo
Um mundo colado
Um mundo molhado
Ou apenas um simples selo no mundo
Existem os de língua áspera
Os de língua macia
E também os sem língua
Mas beijo que é beijo
Tem que haver mão nas costas
Na cintura, no pescoço
Tem que ter vontade
Sentimento
Tem que ser apaixonado
Há beijos de bicos que não se bicam
Beijos de bocas pequenas em bocas carnudas
Esses chegam até a ser engraçados
Há beijos que se encaixam
E beijos que não se encaixam
Talvez o melhor dos beijos
Seja o beijo de costume
Aquele com motor amaciado
Onde o carro só funciona bem
Com seu próprio motorista
Há beijo de gosto estranho
Os que não se devem ser julgados pela capa
Há beijos que vêm com acompanhamento
Do tipo picantes, ardentes, saborosos
Há beijos para todas as bocas
E bocas para todos os beijos
Não existe um beijo melhor
Talvez um melhor beijo
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Ah, Leonor
Recebe essa flor que eu roubei pra te dar
Amiga, não sabes o quanto esperei
Abrigo da minha dor
Vem cheirar
Minha flor
Ah, Leonor
Cheira essa flor que eu roubei pra te dar
Amiga, não sabes o quanto eu cheirei
Abrigo da minha dor
Por te amar
Eu sei que o me vês como amigo
Não sabes o quanto me dói
Mas o céu foi feito pros anjos
Juntemos o nossos lençóis
Que os anjos não querem saber de nós
Eu sei que me falo é pecado
Na certa vais me condenar
Por ti morreria calado
Mas não posso mais controlar
Abrigo da minha dor
Vem cheirar
Ah, Leonor
[Eu Sou Egoísta - Raul Seixas]
Se você acha que tem pouca sorte
Se lhe preocupa a doença ou a morte
Se você sente receio do inferno
Do fogo eterno, de Deus, do mal
Eu sou estrela no abismo do espaço
O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço
Onde eu tô não há bicho papão
Eu vou sempre avante no nada infinito
Flamejando meu rock, o meu grito
Minha espada é a guitarra na mão
Se o que você quer em sua vida é só paz
Muitas doçuras, seu nome em cartaz
E fica arretado se o açúcar demora
E você chora, cê reza, cê pede, implora...
Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho
Eu quero é ter tentação no caminho
Pois o homem é o exercício que faz
Eu sei, sei que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fél
E que a guerra é produto da paz
O que eu como a prato pleno
Bem pode ser o seu veneno
Mas como vai você saber
Sem tentar?
Se você acha o que eu digo fascista
Mista, simplista ou anti-socialista
Eu admito, você tá na pista
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou egoísta, eu sou egoísta
Por que não?
índio?
...Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos Índios
Não ser atacado
Por ser inocente...
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Foi desindianizando o índio, desafricanizando o negro, deseuropeizando o europeu e fundindo suas heranças culturais que nos fizemos. Somos, em consequência, um povo síntese, mestiço na carne e na alma, orgulhoso de si mesmo, porque entre nós a mestiçagem jamais foi crime ou pecado.
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...a população original do brasil foi drasticamente reduzida por um genocídio de projeções espantosas, que se deu através da guerra de extermínio, do desgaste no trabalho escravo e da virulência das novas enfermidades que os achacaram. A ele se seguiu um etnocídio igualmente dizimador, que atuou através da desmoralização pela catequese; da pressão dos fazendeiros que iam se apropriando de suas terras; do fracasso de suas proprias tentativas de encontrar um lugar e um papel no mundo dos "brancos".
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O índio tá vestindo camisa escrito USA
O índio tá assistindo um seriado na TV
O índio tá aprendendo a violência na "telinha"
O índio tá usando a violência em você!
O que é o índio? Esse eu não sei!
Só conheço o Batman e o Superman!
I wanna speak Tupi Guarani!!!
[MxDxR]
[MxDxR]
Nossos filhos seriam punks, straight edge's, crusties,libertários
Pulando no sofá, ouvindo Lärm, Fyp e Ex-Comungados
Ao lado estariam os livros, Marx, Drummond, Monteiro Lobato
Se naquele dia em Brasília você tivesse me esperado
E a gente não tivesse se perdido e nunca mais se encontrado
Mas um dia voltarei a Brasília e vou te procurar
E quando estiver comprando a passagem de volta
Na mesma banca de jornal você vai estar
E comigo pra Vitória, voltará!!
No conjunto da obra de Darcy Ribeiro reconhecemos uma clara contribuição para o pensamento latino-americano, a qual Darcy escreveu uma vasta obra sobre indígenas, negros e mestiços no processo de formação do povo brasileiro. Sua obra surge como um espelho em que nós brasileiros podemos nos identificar, nos reconhecer. Nela encontra-se um esforço que ilumina o processo de desenvolvimento humano, social e cultural do nosso povo e de toda a América Latina. Acredito que seja indispensável o conhecimento da obra de Darcy Ribeiro para uma profunda tomada de consciência a partir de uma visão de conjunto do Brasil e da América Latina.
Foi desindianizando o índio, desafricanizando o negro, deseuropeizando o europeu e fundindo suas heranças culturais que nos fizemos. Somos, em consequência, um povo síntese, mestiço na carne e na alma, orgulhoso de si mesmo, porque entre nós a mestiçagem jamais foi crime ou pecado.
Pulando no sofá, ouvindo Lärm, Fyp e Ex-Comungados
Ao lado estariam os livros, Marx, Drummond, Monteiro Lobato
Se naquele dia em Brasília você tivesse me esperado
E a gente não tivesse se perdido e nunca mais se encontrado
Mas um dia voltarei a Brasília e vou te procurar
E quando estiver comprando a passagem de volta
Na mesma banca de jornal você vai estar
E comigo pra Vitória, voltará!!
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CONCLUSÃO
No conjunto da obra de Darcy Ribeiro reconhecemos uma clara contribuição para o pensamento latino-americano, a qual Darcy escreveu uma vasta obra sobre indígenas, negros e mestiços no processo de formação do povo brasileiro. Sua obra surge como um espelho em que nós brasileiros podemos nos identificar, nos reconhecer. Nela encontra-se um esforço que ilumina o processo de desenvolvimento humano, social e cultural do nosso povo e de toda a América Latina. Acredito que seja indispensável o conhecimento da obra de Darcy Ribeiro para uma profunda tomada de consciência a partir de uma visão de conjunto do Brasil e da América Latina.
Foi desindianizando o índio, desafricanizando o negro, deseuropeizando o europeu e fundindo suas heranças culturais que nos fizemos. Somos, em consequência, um povo síntese, mestiço na carne e na alma, orgulhoso de si mesmo, porque entre nós a mestiçagem jamais foi crime ou pecado.
[Clarice Lispector]
Renda-se como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece, como eu mergulhei.
Pergunte, sem querer, a resposta, como estou perguntando.
Não se preocupe em "entender". Viver ultrapassa todo entendimento.
"O homem é o câncer da natureza."
Sempre me senti incomodado com o ser humano. Durante anos tentei descobrir o ponto nevrálgico de minha irritação, mas em vão. Bastava ver a cara de um para minha pele ouriçar toda. Tinha enjôo, náuseas... Às vezes até vomitava. Porém, com o tempo e calçado em muita observação, cheguei até o nervo exposto. O que me irrita no ser humano era o próprio ser humano. Sim! A coisa toda. Cabeça, tronco, membros e o que mais tiver. Não o suportopor inteiro. Seu jeito de andar, falar, comer, pensar...Afinal, convenhamos, o bicho é esquisito pra cacete. Basta darmos uma paradinha e analisá-lo para nos desiludirmos por completo. Eu sei, eu sei. Temos que ter esperança no homem, mas confesso ser incapaz. Faço força, mas niente. Trava tudo. No entanto, apesar deste asco todo, nunca deixei de anotar certas peculiaridades no comportamento deste animalzinho mal resolvido. Fiz inúmeras constatações, algumas desagradáveis, outras desanimadoras....Mas verdadeiras.
texto foda q tirei do livro "E agora são cinzas" d angeli....q é uma seleção de textos, cartuns, sacadas e quadrinhos avulsos que foram publicados apenas na revista chiclete com banana, entre 1985 e 1990.
[ René Descartes ]
" Pensarei que o céu, o ar, a terra, as cores, as figuras, os sons, e todas as coisas exteriores que vemos não passam de ilusões e enganos de que ele (um deus enganador) se serve para surpreender minha credulidade. Considerar-me-ei a mim mesmo como não tendo mãos, nem olhos, nem carne, nem sangue, como não tendo nenhum dos sentidos, mas acreditando falsamente possuir todas essas coisas. Permanecerei obstinadamente apegado a esse pensamento; e se, por esse medo, não estiver em meu poder atingir o conhecimento de nenhuma verdade, pelo menos estará em meu poder fazer a suspensão de meu juízo. (...) Posso duvidar de tudo, mas tenho certeza de que estou aqui, pensando, duvidando. Sou uma coisa que duvida, que pensa. "
[Meditações metafísicas]
[Cilindro Cônico - Casa das Máquinas]
Sempre o vento sopra mais forte
Pra quem não está acostumado com o frio daqui
Sempre o tempo passa depressa
Pra quem se interessa e vive mais um pouco aqui
Num tá fácil, é até difícil
Entender as coisas como elas são
É difícil ver tão fácil
Tudo é complicado, tudo é eletrônico
Tudo se resume num cilindro cônico
Tudo,tudo,tudo é complicado
Tudo,tudo é eletrônico
Tudo,tudo,tudo se resume num cilindro cônico
Tenho sonhos cruéis; n'alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d'harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d'agora,
Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora
"Reino dos bichos e dos animais é o meu nome"
Uma trajetória poética em uma instituição psiquiátrica
Stela do Patrocínio foi, em toda sua vida adulta, uma interna de
hospitais psiquiátricos. Aos 21 anos, foi internada no hospital Pedro
II. Diagnóstico: "personalidade psicopática mais esquizofrenia
hebefrênica, evoluindo sob reações psicóticas". Vinha da quarta
Delegacia de Polícia. Quatro anos depois, foi transferida para a
Colônia Juliano Moreira, onde viveu até sua morte, 26 anos depois.
Gostava de falar e de escrever em papelão. Mas sempre foi uma voz
excluída: negra, pobre, sem família, nunca possuiu a chance de ser
ouvida pelo mundo. Isto começou a mudar em meados dos anos 1980,
durante o movimento chamado Reforma Psiquiátrica, quando teve sua
fala gravada em fitas cassetes por um grupo de estagiárias.
Já naquela época, chamou a atenção pela poeticidade e força que
continha. Agora, quinze anos depois, esta fala é pela primeira vez publicada em livro, possibilitando o alcance do grande público.
"Reino dos bichos e dos animais é o meu nome", publicado pela Azougue Editorial em parceria com o Museu Bispo do Rosario, é organizado e apresentado por Viviane Mosé, poeta, psicanalista, mestra e doutoranda em filosofia. O livro traz a fala de Stela do Patrocínio fielmente transposta para a poesia escrita, sem nenhuma interferência no conteúdo. O trabalho de organização consistiu na seleção dos fragmentos apresentados e na versificação a partir do próprio ritmo já existente na fala de Stela do Patrocínio. No ensaio introdutório, Viviane Mosé apresenta a poesia de Stela, chamando a atenção para a relação entre linguagem e loucura e afirmando a importância estética de sua fala, que se situa na "tensão entre a ordem e a ausência de ordem". O livro é dividido em oito partes, como grandes poemas fragmentários, que tematizam algumas questões relevantes para Stela do Patrocínio, entre elas "Procurando falatório", "Eu enxergo o mundo", "Nos gases eu me formei, eu tomei cor", "Reino dos bichos e dos animais é o meu nome" e "Botando o mundo inteiro pra gozar e sem gozo nenhum".
[Luís Câmara Cascudo]
O charuto é quase uma extensão do meu rosto. Este é um dos meus vícios, é vício confessável, exibido. Um bom charuto é um prazer cotidiano, mágica fumaça consoladora.
[Luís Câmara Cascudo]
Faço questão de ser tratado por esse vocábulo que tanto amei: professor. Os jornais, na melhor ou na pior das intenções, me chamam folclorista. Folclorista é a puta que os pariu. Eu sou um professor. Até hoje minha casa é cheia de rapazes me perguntando, me consultando.
[Luís Câmara Cascudo]
O vício da literatura grego-latina vacinou-me contra as ditaduras mentais contemporâneas.
[Luís Câmara Cascudo]
Desenho de Millôr Fernandes para ilustrar o seu Hai-Kai:
A vida é um saque
Que se faz no espaço
Entre o tic e o tac
---------------------------------
Probleminhas terrenos:
Quem vive mais
Morre menos ?
[Woody Allen - Cuca Fundida]
Será que podemos realmente "conhecer" o universo? Meu Deus, se às
vezes já é difícil sairmos de um engarrafamento! O problema, no fundo,
é: há alguma coisa lá? E por que tem que fazer tanto barulho?
Finalmente, não há dúvida de que uma característica da "realidade"
é a de que lhe falta substância.
vezes já é difícil sairmos de um engarrafamento! O problema, no fundo,
é: há alguma coisa lá? E por que tem que fazer tanto barulho?
Finalmente, não há dúvida de que uma característica da "realidade"
é a de que lhe falta substância.
alguns cachorros quando dormem à noite
devem sonhar com ossos
e eu me lembro dos seus ossos
na carne
e melhor ainda
naquele vestido verde escuro
e com aqueles sapatos brilhantes
de salto alto,
você sempre xingava quando bebia,
seu cabelo caía no rosto
queria explodir com
tudo o que a prendia:
memórias podres de um
passado
podre, e
você finalmente se
soltou
quando morreu,
me deixando com o
presente
podre;
você morreu há
28 anos
sim eu lembro de você
melhor do que qualquer
outra;
você era a única
que entendia
a futilidade de
se planejar a
vida;
todas as outras só estavam
descontentes com
besteiras triviais,
limitadas
absurdamente com
o absurdo;
Jane, você foi
morta por
saber demais.
aqui vai um drinque
aos seus ossos
com os quais
este cachorro
ainda sonha.
Choose life.
Choose a job.
Choose a career.
Choose a family.
Choose a fucking big television!
Choose washing machines, cars, compact disc players and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol, and dental insurance.Choose fixed interest mortgage repayments.Choose a starter home.
Choose your friends.Choose leisurewear and matching luggage. Choose a three-piece suite on hire purchase in a range of fucking fabrics.Choose diy and wondering who the fuck you are on a Sunday morning.Choose sitting on that couch watching mind-numbing, spirit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pissing your last in a miserable home, nothing more than an embarrasment to the selfish, fucked up brats you spawned to replace yourself. Choose your future. Choose life. But why would I want to do a thing like that?
I chose no to choose life..I chose something else.And the reasons?
There are no reasons.
..A loucura é a única que pode trazer alegria ao homem e aos deuses...
...Quem poderá pintar-me com mais fidelidade do que eu mesma? Haverá, talvez, quem reconheça melhor em mim o que eu mesma não reconheço?...
"Como é bom viver!mas, sem sabedoria, porque essa é o veneno da vida."
...sábio é aquele que vive de acordo com as regras da razão, e louco, ao contrário, é o que se deixa arrastar ao sabor de suas paixões...
...mulher é sempre mulher, isto é, sempre louca, seja qual for a máscara sob a qual se apresente.
Coragem, vamos! Dissimular, enganar, fingir, fechar os olhos aos defeitos dos amigos, ao ponto de apreciar e admirar grandes vícios como grandes virtudes, não será, acaso, avizinhar-se da loucura?
...Portanto, é necessário que cada um qual lisonjeie e adule a si mesmo, fazendo a si mesmo uma boa coleção de elogios, em lugar de ambicionar os de outrem. Finalmente, a felicidade consiste, sobretudo, em querer ser o que se é. Ora, só o divino amor-próprio pode conceder tamanho bem....
...o que será mais estúpido: viver alegre e satisfeito, ou eternamente desesperado até se enforcar com uma corda?...
...Por tudo isso, nunca terei louvado bastante Pitágoras por se ter transformado em galo. Esse filósofo, em virtude da metempsicose, passou por todos os estados: filósofo, homem, mulher, rei, confidente, peixe, cavalo, rã e creio até que esponja. E, depois de todas essas transmigrações, declarou que o homem era o mais infeliz de todos os animais, pois todos os outros estão satisfeitos de ficar nos limites prefixados pela natureza, enquanto só o homem se esforça por utrapassá-los.
[Elogio da loucura - Erasmo de Rotterdam]
.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Insuportável leveza do ser
Dor
Sofrimento
Saudades
Traição
Raiva
Vingança
Ódio
Mentira
Desenganos
Desilusões
Falsidade
Tudo isso não passam de avisos…
Depressão
Queda
Obsessão
Solidão
Ausência
Morte
Tudo isso não passa de uma conclusão
Alguém se preocupa?
Alguém sente falta?
Alguém realmente me conhece?
Alguém sabe aquilo que eu sinto?
Como eu me sinto…
Ninguém sabe…
Ninguém pode saber…
Ninguém deve saber…
Simplesmente porque eu não existo
Aquilo que sinto é irrelevante
Aquilo que sou não importa
Nada importa…
Nem aquilo que fui
Nem aquilo que represento
Nem aquilo que penso
O que importa é que na verdade nada tem importância…
Eu já não sou o nada envolto pelo tudo
Nem o tudo envolto pelo nada
Eu sou o nada simplesmente
E por ser o nada, nada me importa
Nem nunca vai voltar a importar
Façam o que quiserem
Vivam como bem entenderem
O que vocês fazem já não me atinge
Nunca mais vai voltar a atingir
Eu já não sou susceptível aos vossos insultos
E quando chegar a hora também não serei susceptível aos vossos gritos de desespero
Gritem desesperados espécimes raros
Escória da humanidade que não merece a piedade de ninguém
[Vide Bula]
Se as estrelas incendiadas caíssem derrepente
talvez fosse a solução.
Mas se realmente não houvesse amanhã?
Quem você amaria de verdade?
No ultimo dia da humanidade qual seria a sua religião?
Seu sexo?Sua indentidade?
Fazer amor na praia no meio da tarde
Cuspir na cara dos desafetos
Exibir segredos na vitrini
Invadir a morada da impossível namorada a fim de beijar-lhe a boca
rezar pelo avesso,fumar cigarros proibidos em praça publica, promover um carnaval dentro da igreja, subverter a certeza.
Tudo se te descem a chance de escolher o instante do nosso suicídio.
Tudo se nossos desejos e delírios fossem condensados num derradeiro por-do-sol.
O que fariamos se a nossa historia não fosse mais no passado.... me diz:
Quando tudo explodir e so restar o oceano para onde a gente vai sumir???
[Diego Castilhos - Angras Derradeiras]
[Baudelaire]
É necessário estar sempre bêbado.
Tudo se reduz a isso; eis o único problema.
Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo,
que vos abate e vos faz pender para a terra,
é preciso que vos embriagueis sem cessar.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude,
a vossa escolha.
Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio,
na verde relva de um fosso, na desolada solidão do
vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada
ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela,
ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme,
a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala,
perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga,
e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder:
É hora de se embriagar!
Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos;
embriagai-vos sem tréguas!
De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.
[The Trashmen]
A-well-a everybody's heard about the bird
B-b-b-bird, bird, bird, b-bird's the word
A-well-a bird, bird, bird, the bird is the word
A-well-a bird, bird, bird, well the bird is the word
A-well-a bird, bird, bird, b-bird's the word
A-well-a bird, bird, bird, well the bird is the word
A-well-a bird, bird, b-bird's the word
A-well-a bird, bird, bird, b-bird's the word
A-well-a bird, bird, bird, well the bird is the word
A-well-a bird, bird, b-bird's the word
A-well-a don't you know about the bird?
Well, everybody knows that the bird is the word!
A-well-a bird, bird, b-bird's the word
A-well-a...
A-well-a everybody's heard about the bird
Bird, bird, bird, b-bird's the word
A-well-a bird, bird, bird, b-bird's the word
A-well-a bird, bird, bird, b-bird's the word
A-well-a bird, bird, b-bird's the word
A-well-a bird, bird, bird, b-bird's the word
A-well-a bird, bird, bird, b-bird's the word
A-well-a bird, bird, bird, b-bird's the word
A-well-a bird, bird, bird, b-bird's the word
A-well-a don't you know about the bird?
Well, everybody's talking about the bird!
A-well-a bird, bird, b-bird's the word
A-well-a bird...
Surfin' bird
Bbbbbbbbbbbbbbbbbb... [retching noises]... aaah!
Pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-
Pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa-ooma-mow-mow
Papa-ooma-mow-mow
Papa-ooma-mow-mow, papa-ooma-mow-mow
Papa-ooma-mow-mow, papa-ooma-mow-mow
Ooma-mow-mow, papa-ooma-mow-mow
Papa-ooma-mow-mow, papa-ooma-mow-mow
Papa-ooma-mow-mow, papa-ooma-mow-mow
Oom-oom-oom-oom-ooma-mow-mow
Papa-ooma-mow-mow, papa-oom-oom-oom
Oom-ooma-mow-mow, papa-ooma-mow-mow
Ooma-mow-mow, papa-ooma-mow-mow
Papa-a-mow-mow, papa-ooma-mow-mow
Papa-ooma-mow-mow, ooma-mow-mow
Papa-ooma-mow-mow, ooma-mow-mow
Papa-oom-oom-oom-oom-ooma-mow-mow
Oom-oom-oom-oom-ooma-mow-mow
Ooma-mow-mow, papa-ooma-mow-mow
Papa-ooma-mow-mow, ooma-mow-mow
Well don't you know about the bird?
Well, everybody knows that the bird is the word!
A-well-a bird, bird, b-bird's the word
Papa-ooma-mow-mow, papa-ooma-mow-mow
[Surfin' Bird - The Trashmen]
[Drummond]
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossege
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
[André Cypriano à revista Zupi]
[...alguns animais irracionais enxergam em preto e branco. Por isso, às vezes, brinco se não sou um animal irracional. Vejo a fotografia colorida como um reflexo da realidade e a preto e branco como uma interpretação desta...]
[Harry Anslinger]
[..."O corpo esmagado da menina jazia espalhado na calçada um dia depois de mergulhar do quinto andar de um prédio de apartamentos em chicago. Todos disseram que ela tinha se suicidado, mas, na verdade, foi homicídio. O assasino foi um narcótico conhecido na América como marijuana e na história como haxixe. Usado na forma de cigarros, ele e novidade nos Estados Unidos e é tão perigoso quanto uma cascavel." Começa assim a matéria "Marijuana : assassina de jovens",publicada em 1937 na revista American Magazine. A cena nunca aconteceu. O texto era assinado por um funcionário do governo chamado Harry Anslinger. Se a maconha, hoje, é ilegal em praticamente todo o mundo, não é exagero dizer que o maior responsável foi ele.]
[Super interessante- Agosto de 2002 - exemplar de assinante]
[Confissões de um comedor de ópio]
Neste livro, o grande escritor inglês Thomas De Quincey (1785-1859) fala de sua descoberta do ópio como se fosse a revelação da verdade divina. "Esta é a doutrina da verdadeira igreja sobre o ópio, da qual eu sou o único membro", dizia ele. O ópio, não o comedor de ópio, é o "verdadeiro herói da história.O livro foi escrito também com o disfarçado propósito de mostrar a força específica do ópio sobre a faculdade de sonhar, "mas muito mais com o propósito de mostrar essa faculdade". A verdadeira originalidade do livro – e nisso todos os intérpretes parecem de acordo – não é o registro do caso de um viciado em ópio, mas o fato de ser um estudo pioneiro da interferência do subconsciente nos sonhos. Nele De Quincey inicia a exploração da mente, principalmente a da criança, que aprofundaria em outro trabalho, Suspiria da Profundis. (...) De Quincey foi um comedor de ópio por quase cinqüenta anos, e as doses variaram durante esse tempo. Era considerado um excêntrico, vivia em quartos infectos e entre pilhas de jornais; comia mal e pouco e normalmente andava de noite para se manter na cama durante todo o dia. Era incapaz de lidar com o dinheiro, de observar horários e datas, porque não estava preparado para perder tempo com esse tipo de insignificâncias. (...) Cortês na hora de falar, mas algumas vezes malicioso e mesmo impertinente ao escrever; superficialmente conhecido, mas inatingível nos mais fundos recantos de sua mente.
Henry René Albert Guy de Maupassant (5 de Agosto de 1850, Fécamp - 6 de Julho de 1893, Paris) foi um escritor e poeta francês com predileção para situações psicológicas e de crítica social com técnica naturalista. Foi amigo de Edgar Allan Poe e Gustave Flaubert.
Além de romances e peças de teatro, Maupassant deixou 300 contos, todos obras de grande valor. Merecem destaque, entre os mais famosos Bel Ami, Mademoiselle Fifi e Bola de sebo. "A Pensão Tellier" e "O Horla" podem ser considerados seus contos mais significativos.
Faleceu no manicômio pouco antes de completar 43 anos, após tentativa de suicídio originada de perturbações causadas pela sífilis que o atormentou por mais de uma década. Foi enterrado no cemitério de Montparnasse.
Além de romances e peças de teatro, Maupassant deixou 300 contos, todos obras de grande valor. Merecem destaque, entre os mais famosos Bel Ami, Mademoiselle Fifi e Bola de sebo. "A Pensão Tellier" e "O Horla" podem ser considerados seus contos mais significativos.
Faleceu no manicômio pouco antes de completar 43 anos, após tentativa de suicídio originada de perturbações causadas pela sífilis que o atormentou por mais de uma década. Foi enterrado no cemitério de Montparnasse.
[Carta de um louco - Contos Fantásticos - Guy de Maupassant]
[...Acrescentemos que o olho é, ainda, incapaz de ver o transparente. Um copo sem defeito o ilude. Ele o confunde com o ar que também não o vê...]
[...Examinemos o ouvido. Mais ainda do que com o olho, nós somos as vítimas ingênuas deste órgão fantasista...]
[...Se tivéssemos, portanto, alguns órgãos a menos, ignoraríamos coisas admiráveis e singulares, mas, se tivéssemos alguns órgãos a mais, descobriríamos em torno de nós uma infinidade de outras coisas de que nunca suspeitaremos por falta de meios de constatá-las...]
[...Tudo é falso, tudo é possível , tudo é duvidoso.]
[...Examinemos o ouvido. Mais ainda do que com o olho, nós somos as vítimas ingênuas deste órgão fantasista...]
[...Se tivéssemos, portanto, alguns órgãos a menos, ignoraríamos coisas admiráveis e singulares, mas, se tivéssemos alguns órgãos a mais, descobriríamos em torno de nós uma infinidade de outras coisas de que nunca suspeitaremos por falta de meios de constatá-las...]
[...Tudo é falso, tudo é possível , tudo é duvidoso.]
[cap.: carta de um louco - contos fantásticos ]
[...Eu vivia como todo mundo, contemplando a vida com os olhos abertos e cegos do homem, sem me espantar e sem compreender.Vivia como vivem os animais, como vivemos todos, executando todas as funções da existencia, examinando e acreditando ver,acreditando saber, acreditando conhecer o que me cercava, quando, um dia,percebi que tudo é falso.]
[ Marinha - Carlos Pena Filho - Poema extraído do livro A Vertigem Lúcida]
Tu nasceste no mundo do sargaço
da gestação de búzios, nas areias.
Correm águas do mar em tuas veias,
dormem peixes de prata em teu regaço.
Descobri tua origem, teu espaço,
pelas canções marinhas que semeias.
Por isso as tuas mãos são tão alheias,
Por isso teu olhar é triste e baço.
Mas teu segredo é meu, ó, não me digas
onde é tua pousada, onde é teu porto,
e onde moram sereias tão amigas.
Quem te ouvir, ficará sem teu conforto
pois não entenderá essas cantigas
que trouxeste do fundo do mar morto.
da gestação de búzios, nas areias.
Correm águas do mar em tuas veias,
dormem peixes de prata em teu regaço.
Descobri tua origem, teu espaço,
pelas canções marinhas que semeias.
Por isso as tuas mãos são tão alheias,
Por isso teu olhar é triste e baço.
Mas teu segredo é meu, ó, não me digas
onde é tua pousada, onde é teu porto,
e onde moram sereias tão amigas.
Quem te ouvir, ficará sem teu conforto
pois não entenderá essas cantigas
que trouxeste do fundo do mar morto.
[funcionário do mês da Microsoft]
A contagem do tempo é uma invenção humana. Se você acha que o tempo está passando mais rápido agora, tem razão. No mundo globalizado somos bombardeados continuamente por informação, por mensagens que nos convocam a consumir e pela oferta do tempo que nos pertence, cada vez mais, à empresa que paga nosso salário.
A gente mal se dá conta disso, mas o celular e a internet expandiram nossa jornada de trabalho. Nossa autonomia, portanto, diminuiu. Essa organização social resulta da ascensão das grandes corporações, que se sobrepuseram às regras de um estado que um dia existiu em nosso nome. Todo esse discurso de que é preciso "controlar" o estado, de que o estado "pesa" e de que o estado deve ser "mínimo" é de graça? Não, é dos ideólogos privados, aqueles que são encarregados de arregimentar o "exército corporativo".
Sai o estado e entra um novo discurso: é preciso vestir a camisa da empresa, defender a imagem da empresa, abdicar de seus direitos trabalhistas quando a empresa está em dificuldades financeiras, doar seus sábados, domingos e feriados para garantir o sucesso da empresa. É a lógica de acumulação de capital da empresas-estado, que precisa atuar unida e coesa contra o "inimigo", na disputa por mercado.
É essencial, portanto, que elas controlem nosso cérebro, razão pela qual os departamentos de Recursos Humanos sofisticam fórmulas para nos "motivar". O contrato não escrito é esse: a empresa-estado se propõe a nos proteger da selva do mercado de falta de trabalho desde que juremos fidelidade aos interesses dela. Somos convocados a abdicar de nossa autonomia, de nossas idéias, de nossos amigos e de nossa família para "servir ao exército".
A empresa-estado precisa de disciplina. De ordem unida. De coesão. Portanto, é preciso eliminar as vozes discordantes, independentemente de ideologia. Se você não concorda com os princípios da empresa-estado, será colocado na rua. Não há espaço para dissidência se "nossa" meta é ocupar 50% do mercado em 6 meses.
Gripe, indigestão, dor-de-cabeça? Não me parece difícil explicar as vendas recorde de antidepressivos. Abrimos mão de expressar nossas opiniões, da organização sindical ou comunitária, da participação política, da convivência social com a família e os amigos - abrimos mão de tudo isso para servir na infantaria da empresa-estado. Isso lá é jeito de gastar nossa única vida?
Hoje pagamos para almoçar ou jantar dentro da empresa. Fazemos ginástica laboral na empresa. Deixamos os filhos na creche da empresa. Os dormitórios são dispensáveis porque as novas tecnologias - o celular, a internet, a videoconferência - permitem fazer de você um "servidor" em tempo integral. Todas as garantias constitucionais estão subordinadas a essa lógica: a liberdade de reunião, de opinião, de expressão e de organização continuam valendo, desde que sejam exercidas em defesa da empresa-estado.
[O operário-padrão do século 21 - http://viomundo.globo.com/site.php?nome=MinhaCabeca&edicao=1434]
[Bezerra da Silva - Overdose de Cocada]
É cocada boa, ou não é
É cocada boa
É cocada boa, ou não é
É cocada boa
Já armei meu tabuleiro
Vendo pra qualquer pessoa
Tem da preta e tem da branca
E quem prova não enjoa porque
É cocada boa, ou não é
É cocada boa
É cocada boa, ou não é
É cocada boa
Tem preto que come da branca
Tem branco que come da preta
Tem gosto pra todo freguês
Só não vale misturar
Vai numa de cada vez, não misture o paladar
Que overdose de cocada, até pode te matar
É cocada boa, ou não é
É cocada boa
É cocada boa, ou não é
É cocada boa
O delegado da área, já mandou averiguar
O que é que tem nessa cocada
Que tá todo mundo querendo provar
Mandou uma diligência só para experimentar
Eles provaram da cocada e disseram doutor deixa isso
pra lá
É cocada boa
É cocada boa, ou não é
É cocada boa
Já armei meu tabuleiro
Vendo pra qualquer pessoa
Tem da preta e tem da branca
E quem prova não enjoa porque
É cocada boa, ou não é
É cocada boa
É cocada boa, ou não é
É cocada boa
Tem preto que come da branca
Tem branco que come da preta
Tem gosto pra todo freguês
Só não vale misturar
Vai numa de cada vez, não misture o paladar
Que overdose de cocada, até pode te matar
É cocada boa, ou não é
É cocada boa
É cocada boa, ou não é
É cocada boa
O delegado da área, já mandou averiguar
O que é que tem nessa cocada
Que tá todo mundo querendo provar
Mandou uma diligência só para experimentar
Eles provaram da cocada e disseram doutor deixa isso
pra lá
[Se Eu Pudesse - Alberto Caeiro]
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe uma paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ...
E sentir-lhe uma paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ...
Vive- Alberto Caeiro
Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.
Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.
O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.
Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas
como cousas.
Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.
Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.
Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.
Vive só no presente.
Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.
O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.
Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas
como cousas.
Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.
Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.
Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.
[Baudelaire - embriagai-vos]
É preciso estar sempre bêbado. Tudo reside nisto: é a única questão. Para não se sentirdes o horrível fardo do Tempo que sopra levemente os vossos ombros e vos dobra sobre a terra é preciso embriagar-se sem trégua.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, ao vosso gosto. Mas embriagai-vos.
E se às vezes, sobre os degraus de um palácio, sobre a erva verde de um fosso, na solidão morna de vosso quarto, vós despertardes, com a ebriedade já diminuída ou desaparecida, perguntai ao vento, à escuridão, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que voa, a tudo que geme, a tudo que rola, a tudo que canta, a tudo que fala, perguntai que horas são; e o vento, a escuridão, a estrela, o pássaro, o relógio, responder-vos-ão: “É hora de se embriagar! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, ao vosso gosto!”
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, ao vosso gosto. Mas embriagai-vos.
E se às vezes, sobre os degraus de um palácio, sobre a erva verde de um fosso, na solidão morna de vosso quarto, vós despertardes, com a ebriedade já diminuída ou desaparecida, perguntai ao vento, à escuridão, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que voa, a tudo que geme, a tudo que rola, a tudo que canta, a tudo que fala, perguntai que horas são; e o vento, a escuridão, a estrela, o pássaro, o relógio, responder-vos-ão: “É hora de se embriagar! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, ao vosso gosto!”
[LISBON REVISITED - ÁLVARO DE CAMPOS ]
Não : não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A unica conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal eu fiz aos deuses todos??
Se têm a verdade, guardem-na(...)
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A unica conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal eu fiz aos deuses todos??
Se têm a verdade, guardem-na(...)
[Alberto Caeiro]
[...] Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras
Desembrulhar-me e ser eu,não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a natureza produziu.
E assim escrevo, querendo sentir a natureza,
Nem se quer como um homem
Mas como quem sente a natureza, e mais nada.[...]
“Por simples bom senso, não acredito em Deus. Em nenhum.” [Charles Chaplin]
“Deus é um ser mágico que veio do nada, criou o universo e tortura eternamente aqueles que não acreditam nele, porque os ama.” [Steve Knight]
“Deus deseja prevenir o mal, mas não é capaz? Então não é onipotente. É capaz, mas não deseja? Então é malevolente. É capaz e deseja? Então por que o mal existe? Não é capaz e nem deseja? Então por que lhe chamamos Deus?” [Epicuro]
“Se é certo que um Deus fez este mundo, não queria eu ser esse Deus: as dores do mundo dilacerariam meu coração.” [Schopenhauer]
“Para os peixinhos do aquário, quem troca a água é Deus.” [Mário Quintana]
“Governar acorrentando a mente através do medo de punição em outro mundo é tão baixo quanto usar a força.” [Hipácia]
“Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas.” [Napoleão Bonaparte]
[A suposta existência - Carlos Drummond de Andrade]
Como é o lugar quando ninguém passa por ele?
Existem as coisas sem ser vistas?
O interior do apartamento desabitado?
A pinça esquecida na gaveta?
Os eucaliptos à noite no caminho três vezes deserto?
A formiga sob a terra no domingo?
Os mortos, um minuto depois de sepultados?
E nós, sozinhos no quarto sem espelho.
[Não entendo - Clarice Lispector]
Não entendo.
Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado.
Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
Não entender, do modo como falo, é um dom.
Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco.
Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado.
Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
Não entender, do modo como falo, é um dom.
Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco.
Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
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