quarta-feira, 25 de agosto de 2010

[Confissões de um comedor de ópio]


Neste livro, o grande escritor inglês Thomas De Quincey (1785-1859) fala de sua descoberta do ópio como se fosse a revelação da verdade divina. "Esta é a doutrina da verdadeira igreja sobre o ópio, da qual eu sou o único membro", dizia ele. O ópio, não o comedor de ópio, é o "verdadeiro herói da história.O livro foi escrito também com o disfarçado propósito de mostrar a força específica do ópio sobre a faculdade de sonhar, "mas muito mais com o propósito de mostrar essa faculdade". A verdadeira originalidade do livro – e nisso todos os intérpretes parecem de acordo – não é o registro do caso de um viciado em ópio, mas o fato de ser um estudo pioneiro da interferência do subconsciente nos sonhos. Nele De Quincey inicia a exploração da mente, principalmente a da criança, que aprofundaria em outro trabalho, Suspiria da Profundis. (...) De Quincey foi um comedor de ópio por quase cinqüenta anos, e as doses variaram durante esse tempo. Era considerado um excêntrico, vivia em quartos infectos e entre pilhas de jornais; comia mal e pouco e normalmente andava de noite para se manter na cama durante todo o dia. Era incapaz de lidar com o dinheiro, de observar horários e datas, porque não estava preparado para perder tempo com esse tipo de insignificâncias. (...) Cortês na hora de falar, mas algumas vezes malicioso e mesmo impertinente ao escrever; superficialmente conhecido, mas inatingível nos mais fundos recantos de sua mente.

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